MANOEL CORIOLANO, natural de Apodi, 05/1/1835 - “Os índios Tupis chamavam sanharó, sonharão, a
uma abelha preta, muito mordaz. No município do Apodi, no Rio Grande do Norte,
há um sítio “sonhorom” que é apenas deturpação desse nome. Aí residia Manoel
Gomes do Rego e sua mulher D. Izabel Maria de Jesus. Manoel Antônio de Oliveira
Coriolano nasceu no sítio sonharão, no dia 5 de janeiro de 1835. faleceu na
cidade do Apodi a 28 de dezembro de 1922. durante meio século seu nome correu
todo oeste da província e estado, era cronista do sertão, o historiador inédito
mas diário, o sabedor das tradições, o homem que tudo observava, retirada e
anotava nos cadernos de papel almoço, tornados famosos nas “ribeiras” como as
actas diurnas do desenvolvimento social, folclórico, político e religiosos da região.
Pertenceu a uma geração desaparecida de anotadores desinteressados pela
divulgação dos ensaios. Conheci ainda, no alto sertão, esses velhos fazendeiros
que registravam todos os acontecimentos conhecidos, as datas e os detalhes,
formando, desta sorte, os fundamentos honestos de uma história verídica, como
testificada pelas notas apanhadas no calor dos sucessos. Manoel Antônio de
Oliveira Coriolano pertenceu a essa raça que se extinguiu quase inteiramente e
jamais se renovará. Escreveu, com letra graúda e lançada, quatro livros
inteiros sobre a historia do Apodi, a freguesia de São João Batista das Várzeas
do Apodi, terra nevoenta de tradições sugestivas, núcleo irradiante de
fazendas, zona que se partiu para criar municípios, como numa divisão fecunda
de polipeiros. Não é possível caminhar –se na história do oeste
norte-rio-grandense sem consultar Manoel Antônio de Oliveira Coriolano, seja
qual for o aspecto fixado. Era esse Cicerone do Apodi, como lho cognominava
“MISCELÂNIA”, jornalismo do Natal, em seu número 5-12-1898 – “Eis em ligeiros
traços, a vida de um destes homens cuja inteligência excepcional perde-se no
recôncavo culto do alto sertão, onde ouve apenas o mugir da vaca e o relinchar
do cavalo”.
Manoel
Antônio de Oliveira Coriolano exerceu cargos locais, na promotoria pública,
eleitor de paróquia, especialmente na advocacia, onde se afirmou um legitimo
tribuno do povo, aceitando causa que afetavam interesses prestigiosos, não
recusando fazer acusações que se tornaram citadas como atitudes de suma coragem
pessoal.
Uma
vida áspera, difícil e cheia de episódios atordoadores criança, não podendo
estudar, vinha espetar na estrada os viajantes, munido de papel e tinta,
suplicando que traçassem para ele os traslados. Aprendeu a ler sem mestre e,
tendo conseguido um livro, deleitava-se de tal forma com a leitura que, mandado
a devorassem, absorvido nas folhas impressas. Ildefonso Alves Maia,
mestre-escola em outubro de 1844, ensinou alguns princípios. Mudando-se para a
Vila em 1855, Coriolano estudou com o padre Florêncio Gomes de Oliveira
rudimentos de curiosidade, daí em diante é um autodidata, sedento de
curiosidade, revolvendo arquivos, tendo de memória livros inteiros, sabendo de
cor centenas de registros de nascimento, casamento e óbitos das famílias
tradicionais no Apodi. Chegou a ensinar Português e Direito Penal no Apodi.
Durante a guerra do Paraguai foi recrutado. Era conservador e o delegado de
policia figurava no Partido Liberal. Depois de dois meses de luta, Coriolano
voltou, livre, com as desculpas do presidente Olinto Meira, cioso dos códigos e
distribuidor de justiças. Rara seria a eleição tumultuosa em que Coriolano não
ditasse de indignação aos furtos das urnas, falsificação de indignação aos
furtos das urnas, falsificação das atas ou sonegação de votos, expressões
antigas, e teimosas do mecanismo eleitoral.
FONTE - VÁLTER DE BRITO GUERRA - APODI, SUA HISTÓRIA
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